Fazendo parte da história,parte 1

"Precisamos alimentar nossas mentes.Leia."

É interessante o que a vida faz com a gente.Quando eu estudava,existia uma matéria que faz muita falta hoje em dia nos curriculos escolares:Educação Moral e Cívica.Essa matéria ensinava os valores que devemos ter para com as outras pessoas,com os nossos símbolos que representam a pátria,com as forças armadas,ensinava Moral,o que muita gente nem sabe o que significa.Mas,deixando de "lero-lero",quero contar uma das histórias contidas no meu livro.É a história de um garotinho,e que sempre lembrei com carinho.

Obs:Nome do livro:Estudo dirigido de Educação Moral e Cívica

Autor:Avelino Antônio Correa.

Ano que estudei nele:1974

"Saí um pingado"

"Quando eu era um menino existia no Largo da Sé,no velhíssimo Largo da Sé,hoje chamado Praça da Sé,um café na esquina da Rua 15 de Novembro,chamado Café dos Girondinos.Os de mais de meio século devem lembrar-se dele.Eu ia para a escola ali na velha Rua da Boa Morte,hoje Rua do Carmo,passava pelo Café Girondino e ouvia sempre o garção gritar lá de dentro:"Sai um pingado".Aquele "pingado"que o garção servia,me dava então a idéia de ser uma coisa grande,deliciosa,e eu,impressionado,não fazia outra coisa senão passar o dia inteiro desejando tomar um "pingado".Mas o empregado que me acompanhava para o colégio não permitia nunca que e entrasse no café para tomar o tal "pingado".O"pingado"era a minha alucinação,o meu sonho,o meu desejo.Uma manhã,quando ia para o colégio, avisaram-me,em casa:"Você hoje tem que ir sózinho;o empregado não pode acompanhá-lo".Que alegria,que satisfação!Iria tomar um "pingado"!Corri ao meu cofre,peguei as moedas,enchi o bolso enquanto pensava comigo mesmo:"Será que isto chega para um "pingado"?entrei no Café,e sentei-me.Nem um rei era tão feliz quanto eu,nem uma noiva no dia do seu noivado!Quando o garção chegou,pedi-lhe,com voz emocionada,um "pingado".Esperava uma coisa maravilhosa;não sabia o que era,mas a minha imaginação havia criado tal forma,que devia ser uma coisa maravilhosa.O garção gritou lá para dentro,com voz aportuguesada:"Um pingado".Fiquei esperando.De repente veio o garção e colocou na minha frente um copo de leite com um pingo de café:a mesma coisa que eu bebia todas as manhãs em minha casa era o tal "pingado"!Vieram-me lágrimas aos olhos,joguei um níquel sobre o balcão e saí de lá soluçando.Esta lição ficou-me pela vida afora.Daí em diante,quando me vinha um sonho de glória,um sonho de amor,uma ambição,um desejo,algo que eu queria muito,eu pensava:Não será um "pingado"?

Arthur Riedel